sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Lupanar

Permitam-me informar-vos da minha solidariedade para com o Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados, que bem se debate nas televisões, e que bom protagonismo ganha na ordem pública, partindo esta do pressuposto, como tal, que acordou ele uma inteira e tão saudosa nação para o novo e súbito problema da corrupção em Portugal, que pôs ele uns espessos óculos nas cegas dioptrias do povo nacional, a plebe Europeia.
Confesso que fiquei realmente surpreso com a noticia de gentes, por vezes certas e determinadas, conhecidas e quase reconhecidas em praça pública (até governantes estão metidos nestes inovatórios meios…), que mediante uso imoral e ilegal, se unem numa bola de fios sem fim, onde nada se sabe e tudo se desconhece, com o fim de transferirem verba pública (amnistiando, por agora, a privada, e os brilhantes esquemas dos recibos verdes)de maneira imoral e criminosa para outras gentes, ligadas por quaisquer laços de interesse comum –etnia, religião, negócios, graus (inferiores) de formação, etecetera! Jamais me tinha apercebido dessa situação: deslizando do bonito Paço do Conselho aka Casa das Obras aka Solar dos Viscondes de Valongo, onde hoje se situa uma Câmara Municipal gerida por quem nada sabe de gestão, onde a palavra suborno ganha toda uma nova significação, passando pela Igreja e seus incontáveis afluentes, desde o fio de água do padre da paróquia, até à vastidão oceânica da Opus Dei (…) e aterrando na Assembleia da Republica, ovário do sistema legislativo repleto de carcinomas, onde Sr. Deputados exercem em paralelo com as suas funções parlamentares actividades profissionais com gigantes do sector privado, nunca me seria possível percepcionar o conceito, de tão burro que sou. Brolho, vá.
A corrupção, tema enervante, é assunto sociológico e da psicologia, não é para mim, que me dá cabo da tensão. Em sociedades de formação cívica superior, a denuncia destes casos é encarada pela opinião pública como necessidade comum: todos beneficiam. O problema consiste em haver generalizada descrença na responsabilização, muito pouco laicismo e a teima ignorante de beneficiar do ilícito quando possível. Num país onde tudo se vende, algo se aluga e o pouco mais se arrenda, é sonho ser-se puta… Uma recusa é tradução de arquitectura intelectual de gosto, um repudiar ao que deve ser repudiado, contextualizar na prática o ideal de justiça.
Mas não é para quem pode...
É para quem quer!

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