sábado, 5 de julho de 2008






'Vive o cheiro que nos segue; pressente-o como eu. Fosse uma possibilidade contorna-lo e o faria sem hesitar, a minha circunstancia não é provocada, nunca a ansiei. Pulsa no ar o dançar de várias chamas, uma combustão que não nos iguala. Como podemos ser, se o somos parcelarmente? Não é uma gota chuva! O mundo é feito de água - E estamos sós nesta luta, neste desânimo. Há algo para entender. Tenho que perceber alguma coisa mais, tenho que o impor à força? Com enorme probabilidade sei que experiencio de modos diversos coisas que igualmente todos desfrutam. E o pensar nisso faz-me imaginar a enormidade egoísta que também todos provocam desigualmente. Como pensar que se é alguma coisa... ? Não é o que tu sabes que conta mas o que tu mostras e não deve haver alma para fazer uma contagem inversa, penso que nesta ideia o caminho é recto e único. Sei de várias soluções e já encontrei númeraveis respostas mas a cada cinza que passa, porque o tempo arde, me vou saturando exponencialmente. Devia ter pensado um pouco menos em tudo o que quis pensar, sobre tudo o que duvidei e que ainda interrogo, vivendo desta forma vulgar numa amorfidade patética mas estável, não questionando nada e por conseguinte contra nada me insurgir. Viver em batalhas constantes não possibilita vencer a guerra. Concluo daqui, no núcleo de nós, o ponto passagem para outra visão de fim. Pressente, como eu, o cheiro que nos segue e desiste de pontuar a frase '


Frank Green, in 'Diaporese'



Às 313 mensagens, DIAPORESE encerra.
(ou então não)

sexta-feira, 4 de julho de 2008

'Nem paz nem felicidade se recebem dos outros nem aos outros se dão. Está-se aqui tão sozinho como no nascer e no morrer; como de um modo geral no viver, em que a única companhia possível é a daquele Deus a um tempo imanente e transcendente e a dos que neles estão, a de seus santos. Felicidade ou paz nós as construímos ou destruímos: aqui o nosso livre-arbítrio supera a fatalidade do mundo físico e do mundo do proceder e toda a experiência que vamos fazendo, negativa mesmo para todos, a podemos transformar em positiva. Para o fazermos, se exige pouco, mas um pouco que é na realidade extremamente difícil e que não atingiremos nunca por nossas próprias forças: exige-se de nós, primacialmente, a humildade; a gratidão pelo que vem, como a de um ginasta pelo seu aparelho de exercício; a firmeza e a serenidade do capitão de navio em sua ponte, sabendo que o ata ao leme não a vontade de um rei, como nos Descobrimentos, mas a vontade de um rei de reis, revelada num servidor de servidores; finalmente, o entregar-se como uma criança a quem sabe o caminho. De qualquer forma, no fundo de tudo, o que há é um acto de decisão individual, um acto de escolha; posso ser, se tal me agradar, infeliz e inquieto.'

Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'

quinta-feira, 3 de julho de 2008

' - Pelo meu pé não vou! '
by João Vale e Azevedo in 'Correio da Manhã'

terça-feira, 1 de julho de 2008