quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

'O silêncio critica-me na noite do burgo. Existo isolado nesta situação, de quem não se disfarça para ter sensibilidades e arrepios epopeicos. Sou um apenas quando me disperso em tudo.
Como todo o estóico, faço com que a minha desgraça me divirta e vos entretenha (nisso nada se perde). Não julgo ocupar um lugar de destaque ou realizar no futuro a radicalidade das mudanças. Esta crença outorga as minhas certezas, que desejo ou temo – e em nenhuma das duas concretizo essa tal facilidade em ser natural. Tenho a minha vida como inteiramente fútil e ansiada: o que os outros nasceram para fazer, faço esforço para o não deixar de fazer, concretizando-me reflexamente por continuidade, destruindo quem eu nunca fui sendo.
É esta uma das mais curiosas sensações que nos pode ser dada pelo encontro e pela falta: a de estar só numa casa ordinariamente cheia de emocionáveis.'
Frank Green in ' Diaporese'

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A dicotomia do vencedor

A força é uma fraqueza focalizada, no localizável tem objecto, te centra num isolado propósito. E contudo nunca serás como És aí dentro, mesmo fraco, mesmo que o ambiciones. Insatisfatória. A ninguém tal limite é objectivo: o nunca tem forças (é o literal no plural) - da análise respira a escolha, consome o teu suspiro.
É triste ganhar numa opção que declina outros pódios. A vitória deveria ser feita apenas de sorte.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Maria Luis Serras Pereira

"Tá! Olá! Onde estão? olha...Ele contou casos tão giros, tipo...er....tipo casos de gentes que não lhe pagavam, eeeeesquece...não tens a noção Zé! café tão bacano, brutal brutal (,,,)"

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

domingo, 8 de fevereiro de 2009



'Most people are other people. Their thoughts are someone elses opinions, their lives a mimicry, their passions a quotation'

Got it


terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

"Aqui, entre este segundo ser já esse outro, é o que me deve ocupar os dias.
Quantos antes de mim existiram, foram sendo, fizeram-se ver, tomaram a inexistência dos outros, alcançaram essa ideia, lutaram contra Ela, e A formataram na aceitação da partida, do meu idêntico destino? Conforma. A tua vida é não mais do que a ideia que o mundo transporta, a tua consciencialização, a tua confirmação cardíaca aos olhos vivos do ser que respira. É na absoluta ausência de ti mesmo em nós próprio que se mata: a memória tatua a pessoa que ao espalmar dessa tecla escuta a surdina da nossa incomensurável saudade, sempre em ecoo, e te vem ver.
O Fim é conceito eterno e inconcretizável na palavra que o restringe. O que dá a força para entender-te a querer entendê-La senão esse teu limite de exibição?
Na total desqualificação de todos os meus passos, totalidade das opções que tomo, a incapacidade de A controlar absorve a ocasião que faço inimaginável. Essa ideia inteira a que te propões, a que nasceu no centro do teu pensar, onde em ti próprio a reivindicaste como ser-se tu, o Futuro a minudência, a modifica para um relativo Passado, banalizado, a torna, como tu, mortal e esquecida. És exclusivo das tuas acções e jamais da tua intenção.
- Apenas morre quem se condiciona a si.
Do teu mundo estarás tu, no outo por ti mesmo, na fronteira ou limbo onde pensas (tendo sorte) em tudo o que de bom se produziu, em tudo o que de mau se realizou; naqueles dias, naqueles outros; sobre o exacto momento que apenas tu sabes do que eu falo, o interno da ponta dum cone; sobre a oportunidade saboreada pela provocação dos outros, as especiarias deste fugaz e baço privilégio que é Ser, os temperos da refeição que nos consome.
A tua Morte não será tema de livro, nem um paradoxo. Não será heróica e epopeica como intimamente desejas. Não vai ser naquele momento, nem naquela hora. Não estarei rodeado de filhos, os tais orgulhos da posteridade, de dúzia de netos a correr pela relva fresca, com a mulher ideal, divina, sentados no jardim da minha casa de campo. Nem morrerei pelo sono. A imagem de um final certo é indomesticável no conhecimento desses pontos: o Quando e o Como. Não vou saber Dela - não o deves querer fazer - nem para tal deveria ser possível o supô-La; deveria ser-me incapacidade, como a aptidão para o voo, ou para respirar debaixo de água com independência. O espelhado distante dessa pontuação irrealista é moldável para a ambição, e apenas, de perceber o luxo, a noção do colossal privilégio, de compromisso abismal, exclusivo para comigo, que tem o acto da escrever, o fazer rir, as preguiças em concretizar, o beber água ou vinho, do sentir frio ou muito frio, a constipação com ranho, o tocar no cabelo, o verde, o azul ou o vidro. O único sentido útil para quem A representa com a antecedência de todo o ser-se humano e vivo, consubstancia-se pelo horizonte do agora: a Morte é-me inconcretizável enquanto tiver pulsação. Existisse apenas na medida do que penso…"
Frank Green in 'Diaporese'