quarta-feira, 31 de dezembro de 2008




FELIZ 2009!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
You are still a whisper on my lips
A feeling at my fingertips
That's pulling at my skin

You leave me when I'm at my worst
Feeling as if I've been cursed
Bitter cold within

Days go by and still I think of you

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

With a (very,very very) little l

Detesto as grandes frases. São do tempo da conquista e da mistificação, do tempo das fanfarras da História, e para quem está na valeta do crescimento, entre a prega dos óculos e a História criada, pela frase gorda passa a significação, como a ultrapassagem numa estrada aberta. Além do que o seu objectivo é, essencialmente, apenas o esgotar-se. Vigarice. Em nada nos enriquecem, gastam-nos de gatas, pela monocórdica sequência de letra, o pecúlio acumulado na surdina da minúscula. Acho também que quando se faz uma frase grande, faz-se sempre outra coisa. Com raridade se é o que se quer ser... ou mesmo se faz o que se fez. Gosto de pequenas frases e de frases pequenas que se substanciem num instantâneo fotográfico, na minha comoção. Coisas como " Estoira e se imobiliza num enrameado de coral " são palavras da arquitectura que não dizendo onda me cheiram a sal. Quem consegue ler Saramago desconhece por inteiro o que pretendo exprimir. Não se descobre a sua escrita; é detectada. Conquistas feitas à força, numa atitude medida. É-me evidente que não teve cauterização de prodígialidade quando lhe findou a moleirinha, creio que qualquer biografia o pode comprovar. A Palavra lhe surgiu por teima o que resultou num vácuo abismal para preencher de naturalidade e de talento. É a conclusão de que trabalho dedicadamente excessivo aniquila a personalidade. Mais: todos os livrinhos que tem vindo a rabiscar, e os 2 que consegui terminar, parecem-me estórias de uma Espanha profunda, como aqueles sacrilégios populares da remota aldeia que insinuam a moralidade devida, a corresponder. Tudo com uma aura muito demagógica, bêbeda do pretensiosismo que lhe falha. Um conformado que vai para debaixo da pedra… Tem esporadicamente aquele colapso do chão, aquele toque de Midas que apenas a idade o consegue justificar, coisas que provavelmente leu, releu, tentou mudar, a Pilar mudou, ele tentou escrever, ela o escreveu, e o assinou, ele. É vazio da soberania de Vergílio Ferreira e por isso oco na dignidade de José Cardoso Pires forma pela qual, quem sabe, conseguiria carpir o 'ensaio sobre a lucidez' mas bem escrito, com genialidade.

sábado, 27 de dezembro de 2008

"Manifesto Autoscópico
O intelectual distingue-se pelo humor. Subtil, sarcástico, pretensioso. Frequentemente cínico. Distingue-se pela curiosidade e não pelo conhecimento – esse falacioso, facilmente adquirido por quem tenha tempo e móbil. Verbi gratia, um técnico de frio é certamente altamente qualificado em ares condicionados, um jurista em Direito, um talhante em carne, um médico em patologias, um psicólogo em comportamentalismo. Mas tal conhecimento na sua área e porventura noutras do seu interesse não os eleva ao estatuto do intelectualismo. Esse carrega o castigo da curiosidade. Ora alguém excepcionalmente curioso preencherá sempre as lacunas do que ainda não domina com a imaginação, com infinitas resoluções hipotéticas para o dilema com que se depara. Daí Einstein ter defendido que a imaginação é mais importante que o conhecimento, pois este é limitado, e a imaginação abarca o mundo.Foi Auden que disse que ser-se livre (leia-se espiritualmente livre) é, com frequência, estar-se sozinho. Mas eu não quero subscrever as crenças de Vergílio Ferreira quando afirma que o destino do artista é o exílio; porém tenho que admitir que lhe parece obedecer como a um estranho mandato. Nada o intelectual deve trazer à rua; mesmo a sua vaidade é insignificante. E vive isolado porque é difícil acompanhá-lo, sendo o preço demasiado alto - quem caminhar a seu lado está condenado à ilimitude da condescendência. Mas é inevitável, no acatamento de uma condição, lembrar a ironia fatidicamente realista de Oscar Wilde, de que só há, na verdade, dois tipos de pessoas verdadeiramente fascinantes: as que sabem absolutamente de tudo, e as que não sabem rigorosamente nada.Sinto tanto; penso demais. De forma que às vezes nem sei se o senti ou pensei, e o que senti e o que pensei. Foi pela convulsão de sentir e pensar e viver, que atingi a autoscopia, esgotante delírio de fuga minha a mim próprio, tendo chegado a juízo do que nunca julgarei. Assim sendo, é heteronimamente que te falo de seguida.Agora ouves pretensiosamente Nick Cave e ostentas no metro os livros chatos que finges ler nos cafés. Os óculos deixaram de te diminuir e hoje usa-los às vezes como estilo pessoal. Passaste a fase dos nerds e dos radicais e da auto-afirmação. Aparentemente, a pirâmide social já não te empolga. Porque pensas que és tão melhor que os outros, e já fizeste tudo o que eles fazem, e já atingiste tudo o que procuram. Já mais nada aquele mundo tem para te oferecer que não tenhas conseguido. Os teus amigos parecem-te todos iguais, a andar em círculos ano após ano. As ambições dos que te rodeiam são, simplesmente, provincianas. Os seus sonhos tacanhos. Desististe de emendar os traços simplistas dos demais, e noto que falas cada vez menos. Até o dinheiro (!) te parece mais pequeno que outrora. Vejo-te a olhar para o visual cinzento e indiferente de Jarvis Cocker da mesma forma que olhavas há anos atrás para o Sean Virtue.Ah!... que pessoa detestável é que acha que os ingleses – povo tenebrosamente frio – são paradigma para tudo? (quando gostas de algo, gostas tanto que me enjoa – estou farto de ti!). A polidez, a sobriedade e o corte das roupas, o tom altivo, a resposta displicente, o trato entre as pessoas, o cinismo. Adoras blazers e tweeds e berloques e botões-de-punho. No teu entendimento obsessivo, qualquer conterrâneo teu se veste mal. ‘Nem tanto à terra, nem tanto ao mar’, dizes - com o sarcasmo alteando-te os lábios, e esse acento arrogante que não sabes esconder - utilizando condescendentemente um ditado popular – que tanto odeias! - (como se Sua Divindade falasse com a gente vulgar na sua linguagem), para criticar aqueles que usam os fatos impecavelmente assentes, estaticamente empertigados e saloisticamente vaidosos, ou os que abusaram do negligé, demasiadamente relaxados e consequentemente sujos. Naturalmente, só tu és dono do meio-termo.Tens o transtorno do filho único? Gira tudo em teu redor: os pais, os amigos, as de género oposto que minimalista e redutoramente designas por ‘gatas’, os colegas, o trabalho… se alguém te sorriu, cortês, é porque lhe fizeste valer o dia. Qualquer acto teu para com os outros é uma concessão. Adoras os outros enquanto lhes permites o benefício supremo da tua simpatia indulgente. Adora-los enquanto te veneram, reverentes. És narcisista e querias-te multiplicar num espelho! (Isso parece-me mais transviante do ponto de vista sexual do que mero egocentrismo absurdo). És obcecado pela vida saudável; quererás viver para sempre? Porquê tanta fruta, e sopa, e exercícios, e suor? - Leste algures que as toxinas são expelidas pela transpiração; e que o chá e o café são antioxidantes - Mas por que raio não deixas pelo menos alguns radicais-livres correrem-te pelas células? Talvez ganhasses cara de homem, pelo menos.As mulheres ofertosamente enfeitadas já não te estimulam. Descobriste, tantos anos depois, que a beleza é o cruzamento entre o olhar e o entendimento. É a perfeita harmonia entre o olhar que busca e a mente que encontra. E que – tal como Deus – está nos pormenores. Sempre adoraste, admito, uma beleza natural, ‘beleza arrancada ao sono’. Relembro-o e relembras-me quando escreves. Mas agora pareces deleitar-te com a imunda negligência da mulher que lê despenteada numa esplanada, com os óculos descontraidamente na ponta do nariz, quase deitada sobre duas cadeiras, relaxadamente abstraída, tão idílica quão enigmática, que nem repara em ti porque bronze e corpo definido têm os pedreiros, e Fred Perry’s é apenas uma insígnia, e um BMW é só um carro.E aí talvez te apercebas que um intelectual não o admite nem se revê nessa concepção, e muito menos se adora frente a um espelho, e não tem esse ego que te mata (ou te há-de matar). E que um filósofo não escreve somente sobre si e sobre a sua dor. E que um artista para o ser tem que atingir um grau de distanciamento quase exilante, um estado de migração das emoções e vaidades que tu, mero amante – porque é o que és – jamais obterás. O artista imita a vida. Tu vive-la. E por muito diferentes que sejam as formas de agora o fazeres, sabes que só o vento, e com ele as moscas, podem mudar."

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008


(somos sempre o mesmo como.)


' - Puto, baza ao kubo? '

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008


"Em todo o caso, entretanto, sou. Estou vivo ainda para que ela exista, sou o pleno se ser, a moral que existe. É só que, à beira do fim, como antecipado morto - uma profunda indiferença, uma fria lucidez. A morte só é terrível quando a vemos da vida, quando entre nós e o seu nada há um tudo a perder."

in Nítido Nulo, Vergílio Ferreira

domingo, 14 de dezembro de 2008

SEU CÃO!!!

É sempre divertido observar como resulta bem uma politica internacional gerida por Mr.Bush, já que o resultado é mandarem-lhe sapatos à tromba e defini-lo como um canídeo.. A conclusão a retirar é que se deve temer mais pela vidinha quando se está a deixar de ser Presidente dos Estados Unidos, visto que daqui para a frente, vais passar a vida inteira a fugir de psicopatas fisicamente aptos a cortar-te a carótida. Folho! Mas não matam primeiro o preto? Não era suposto ser assim? Estava tão habituado ao Ku Klux Klang:"(...) And like you, many of them are fearful of the type of future their children are going to have when America ceases to be a white majority Christian nation. And that day is fast approaching.(...)" in www.kkk.com; a mandar no mundo, que esta situação ainda me incomoda. No que toca ao Obama, vai ser o sumilher lá do sitio, até porque parece que a sua mulher tem mais perfil para o cargo. E olhem que isto que uma preta a dominar tem que se lhe diga.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

'Convém cultivar com coragem a intrepidez na raiz do pensamento: que cada um se coloque diante de si energicamente como diante dum estrangeiro e quando atingir o limite do suportável, o momento em que é preciso tomar uma decisão total, então compreenderá que a situação limite que conduz ao crime é a insuportabilidade da traição. Dormitam em todo o homem estas faculdades.'


Ana Hatherly, in 'Tisanas'

you'r...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A Genialidade não tem forma

(12/12/84)

'O que é o pensar que não mais um desagrado, um cometa que se esquiva, que te escapa, que te foge? E toda a dignidade consiste, portanto, no pensamento, e o principio da moral é exactamente esse. Serás tu que dele corres, por ele andas e que em si persistes. Remeter o passado à sua condição, depende sempre do passado que ainda é, no teu pensar, um desagrado. Apenas o ultrapassado tem condição de pretérito. E pensas em quê de nada, senão no antes; o pensar que supera o relógio tem caracter de sonho: ou se atinge pelo raciocínio uma maior soma da verdade, ou pela imaginação as maiores formas de beleza. Somos limitados por tudo o que não pensamos e, por tudo o que não sentimos somos,simultaneamente, violentos e ambíguos. E ainda que tentado a copiar a essencia do banalismo haverá sempre alguma transição abrupta, alguma mudança repentina de temperatura ou de ponto de vista, que trai essa inserção no alheio. Quando, acima de tudo, nos amamos a nós próprios, o maior prazer que encontramos - por meio da compaixão - pode levar-nos a mostrarmo-nos cruéis para connosco. Heróico da nossa parte é o esforço de completa identificação com aquilo que nos é contrário. Apenas há um problema sem solução.'
Frank G. in 'Diaporese'

terça-feira, 2 de dezembro de 2008