quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

'O que é o pensar que não mais um desagrado, um cometa que se esquiva, que te escapa, que te foge? E toda a dignidade consiste, portanto, no pensamento, e o principio da moral é exactamente esse. Serás tu que dele corres, por ele andas e que em si persistes. Remeter o passado à sua condição, depende sempre do passado que ainda é, no teu pensar, um desagrado. Apenas o ultrapassado tem condição de pretérito. E pensas em quê de nada, senão no antes; o pensar que supera o relógio tem caracter de sonho: ou se atinge pelo raciocínio uma maior soma da verdade, ou pela imaginação as maiores formas de beleza. Somos limitados por tudo o que não pensamos e, por tudo o que não sentimos somos,simultaneamente, violentos e ambíguos. E ainda que tentado a copiar a essencia do banalismo haverá sempre alguma transição abrupta, alguma mudança repentina de temperatura ou de ponto de vista, que trai essa inserção no alheio. Quando, acima de tudo, nos amamos a nós próprios, o maior prazer que encontramos - por meio da compaixão - pode levar-nos a mostrarmo-nos cruéis para connosco. Heróico da nossa parte é o esforço de completa identificação com aquilo que nos é contrário. Apenas há um problema sem solução.'
Frank G. in 'Diaporese'

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