'O silêncio critica-me na noite do burgo. Existo isolado nesta situação, de quem não se disfarça para ter sensibilidades e arrepios epopeicos. Sou um apenas quando me disperso em tudo.
Como todo o estóico, faço com que a minha desgraça me divirta e vos entretenha (nisso nada se perde). Não julgo ocupar um lugar de destaque ou realizar no futuro a radicalidade das mudanças. Esta crença outorga as minhas certezas, que desejo ou temo – e em nenhuma das duas concretizo essa tal facilidade em ser natural. Tenho a minha vida como inteiramente fútil e ansiada: o que os outros nasceram para fazer, faço esforço para o não deixar de fazer, concretizando-me reflexamente por continuidade, destruindo quem eu nunca fui sendo.
É esta uma das mais curiosas sensações que nos pode ser dada pelo encontro e pela falta: a de estar só numa casa ordinariamente cheia de emocionáveis.'
Como todo o estóico, faço com que a minha desgraça me divirta e vos entretenha (nisso nada se perde). Não julgo ocupar um lugar de destaque ou realizar no futuro a radicalidade das mudanças. Esta crença outorga as minhas certezas, que desejo ou temo – e em nenhuma das duas concretizo essa tal facilidade em ser natural. Tenho a minha vida como inteiramente fútil e ansiada: o que os outros nasceram para fazer, faço esforço para o não deixar de fazer, concretizando-me reflexamente por continuidade, destruindo quem eu nunca fui sendo.
É esta uma das mais curiosas sensações que nos pode ser dada pelo encontro e pela falta: a de estar só numa casa ordinariamente cheia de emocionáveis.'
Frank Green in ' Diaporese'
1 comentário:
"Entre o desejo de ser
e o receio de parecer
o tormento da hora cindida
Na desordem do sangue
a aventura de sermos nós
restitui-nos ao ser
que fazemos de conta que somos"
Mia Couto, 1981
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